Às vezes a dor não "desaparece", mas você segue mesmo assim

Acho que seria muito cômodo e até desonesto te dizer que toda e qualquer dor vai passar, porque talvez não aconteça assim. Pois é, por mais que toda uma onda de filosofia gratiluz diga o contrário, as emoções "negativas" e a dor fazem parte da experiência de(o) ser humano.

Mas vamos com calma, porque este texto não é uma ode à desesperança ou resignação. O que estou querendo dizer é que às vezes passamos tanto tempo lutando contra as nossas emoções, tentando fingir que a dor não existe ou mesmo racionalizando o que não conseguimos sequer explicar que vamos nos cegando diante das outras estações da vida. Sabe… na maioria das vezes, essa é uma luta ingrata. Às vezes, você está tão exausto(a) lutando uma batalha “impossível” de vencer que as partes belas do processo te atravessam e você nem vê.

A questão é que, às vezes, a dor não vai sumir apenas porque você quer. Infelizmente não funciona assim. Isso significa então que você deve se afundar em sofrimento? Sinceramente, não sou eu, nem qualquer outra pessoa que dirá o que você deve ou não fazer, mas se você me permite, vou te dar um conselho. O primeiro passo de tudo é acolher o que você está sentindo, mas acolher sem maquiar a dor, acolher o sentimento da forma que ele vem, é como ter uma conversa honesta consigo mesmo(a).

Não é uma tarefa fácil, mas talvez crescer “ao redor” da dor te dê muito mais oportunidades de perceber que emoções são um espectro. Que a dor de uma perda reflete o amor e afeto pela pessoa ou por aquilo que foi perdido. Algo que você talvez não iria perceber enquanto continuasse fugindo de si mesmo(a). O primeiro passo é aceitar o que não podemos mudar, o seguinte é mudarmos aquilo que está a nosso alcance nos guiando por nossos valores. Talvez esse seja o caminho para alocar a dor em um local que não seja o centro da sua vida.

Daniel Johnson Carvalho Costa - CRP: 11/18528